Thursday 31 December 2015

O segredo do Obelisco (da Praça) dos Restauradores

Não há em Lisboa quem não pergunte o que significa o obelisco no centro da Praça dos Restauradores, além do seu significado imediato como monumento patriótico inaugurado em 28 de Abril de 1886 como projecto do arquitecto António Tomás da Fonseca. Terá algum significado esotérico ou escondido este monumento? Será obra secreta da Maçonaria Portuguesa? Afinal, o que significa este obelisco e porque está aqui?

Inauguração do Monumento aos Restauradores |28 de Abril de 1886|
 Praça dos Restauradores, vendo-se na tribuna o Rei  D. Luiz
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Por causa do seu formato, o obelisco é o símbolo do raio do Sol, ligando-se ao mito da ascensão solar e à «luz do Espírito penetrante» por causa da sua posição erecta e da ponta piramidal em que termina. Tendo tido uma importância excepcional na religião do Antigo Egipto que cultuava o Espírito do Sol, representativo de Deus Supremo, o simbolismo do obelisco veio a ser importado daí para a Europa pelas antigas confrarias de construtores-livres reunidas sob o nome genérico Maçonaria. Talhado num único bloco de pedra (monólito), o obelisco condiz até no nome com o seu significado solar, pois deriva do grego obeliskos como diminutivo de óbelos significando «agulha», como referência ao seu término pontiagudo.

Monumento aos Restauradores |1888|
Anjo da Vitória, por Simões de Almeida
Praça dos Restauradores e Avenida da Liberdade, ao cimo, os pavilhões da Exposição Industrial e Agrícola
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O obelisco era considerado com a petrificação do raio solar, acreditando-se que a Divindade animava ou existia dentro da estrutura. Esta crença egípcia seria adoptada pela Maçonaria depois de 1717, chegando a dizer o maçom Albert Pike no seu livro Dogma e Moral: «Daí a importância do obelisco, erguido como um emblema da ressurreição da Divindade enterrada». Foi assim que os maçons passaram a ter o obelisco como símbolo da Fraternidade Interna Invisível ou Espiritual, a mesma que a Igreja chama Comunhão dos Santos e outros de Grande Fraternidade Branca
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Monumento aos Restauradores |séc. XIX|
Anjo da Luz, ou Génio da Independência, por Alberto Nunes
Praça dos Restauradores e Avenida da Liberdade
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

O simbolismo solar deste obelisco nos Restauradores, com 33 metros de altura, é ainda representado pelo Anjo da Luz, que vai bem com a natureza astrolátrica [adoração dos astros] do monumento, ou seja, o Génio da Independência, [voltado para a Avenida da Liberdade], obra do escultor Alberto Nunes, e que é o próprio Prometeu liberto dos grilhões que o escravizavam, neste caso particular, incarnando a alma liberta de Portugal do jugo Filipino no século XVII. Essa estátua de bronze é completada no significado por outra no lado oposto, a Vitória [1ª e 2ª imagens], escultura de Simões de Almeida. A escolha do metal bronze é também muito significativa, pois entre os antigos egípcios era considerado como a “carne dos deuses”, juntamente com o ouro que aqui figura só no Sol de Lisboa. Fica assim revelado o segredo deste singular Obelisco dos Restauradores.
[Simbolismo esotérico, Mistérios de Lisboa. por Vitor Manuel Adrião, historiador]

Monumento aos Restauradores |ant. 1892|
Anjo da Luz, ou Génio da Independência, por Alberto Nunes
Praça dos Restauradores; à direita, o Hotel Avenida Palace em construção.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

10 comments:

  1. Na verdade a representação do obelisco remonta ao culto ao deus falo. Representa o órgão genital masculino. É um símbolo maligno,trevoso e satânico. Está presente nas mais variadas ordens do ocultismo.

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  2. parece-me que em tudo temos o dedo maçom não é!!!!

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  3. Obrigada pela explicação e rigor expositivo. Fazem falta mais blogues destes em tempos de barbárie intelectual alimentada a sensacionalismos e reacções básicas.

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  4. Obrigada pela explicação e rigor expositivo. Fazem falta mais blogues destes em tempos de barbárie intelectual alimentada a sensacionalismos e reacções básicas.

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  5. Obeliscos eram antenas, nossos primeiros arranha-céus. Muito depois surgiu a torre Eiffel.

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