Ora cá estamos, tomando pela estreita Calçada do Cabra — escreve mestre Norberto de Araújo —, na tão socegada Rua de S. Boaventura. Aqui temos a fachada do prédio digno de ver-se. É puro de feitio setecentista, mas anterior ao Terramoto, talvez mesmo do final do século XVII. Em 1746 já existia, mas transformado de melhor tempo, e – não sabemos porquê – entre tantas evoluções da fisionomia bairrista por aqui ficou, sem que os restauros lhe afrontassem sensivelmente as cans da primitiva construção, que aliás, e como observas, não se afecta de pitoresco teatral. [1]
Rua de São Boaventura, esquina com a Calçada do Cabra [c. 1900] Machado & Souza, in AML |
Sobre a Calçada do Cabra, o olisipógrafo Júlio Castilho refere o seguinte: Por aí, era no século XVIII, sabe Deus desde quando, a Horta do Cabra. Hoje a Travessa da Horta, comunicando o do Areu com a dos Cardais (modernamente denominada Eduardo Coelho) é o vestígio derradeiro do campo de nabiças e feijoais do antigo Cabra, sujeito cuja personalidade se sumiu na voragem dos Invernos.. [2]
[1] ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol.VI, p. 31)
[2]CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga: O Bairro Alto, p. 303)
Bom dia, sabe dizer-me a que bairro pertencia o Palácio da Bemposta no ano de 1828, por favor?
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